quinta-feira, 23 de maio de 2019

Bancada nordestina apresenta demandas a Bolsonaro

Às vésperas da primeira viagem que realizará para a região Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro reuniu, em café da manhã ontem, a bancada nordestina no Congresso Nacional. O encontro foi mais uma tentativa de aproximação com a região onde obteve menos votos - Bolsonaro não vendeu em nenhum estado nordestino.

Parlamentares divergem quanto à adesão da bancada. Enquanto deputados oposicionistas contabilizam menos de 50 participantes, entre deputados e senadores, o coordenador da bancada do Nordeste na Câmara Federal, Júlio César (PSD), afirmou que participaram do café da manhã 101 parlamentares. A bancada conta com 151 deputados federais e 27 senadores.

"Houve um trabalho de alguns partidos contra a presença, mas no final foi um sucesso", considera Júlio César. Um dos parlamentares cearenses presentes, Capitão Wagner (Pros) avalia que a reunião foi "melhor do que se esperava, porque havia uma expectativa de boicote". Wagner diz que não contabilizou, mas que deveria ter "uma quantidade expressiva", perto de 90 parlamentares.

A participação cearense, no entanto, foi pequena. Apenas cinco deputados e um senador estiveram presentes no encontro - dentre os 25 que integram a bancada do Ceará. Além de Wagner, compareceram os deputados federais Roberto Pessoa (PSDB), Heitor Freire (PSL), Dr. Jaziel (PR) e Moses Rodrigues (MDB) e o senador Eduardo Girão (Pode).

Na presença de ministros e de interlocutores do governo no Congresso Nacional, o presidente tratou com os parlamentares de diversas pautas de interesse para a região. Dentre elas, o fortalecimento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).

"Outras prioridades destacadas foram a conclusão da Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco", elenca Eduardo Girão. Ele espera que a reunião tenha sido "uma aproximação qualitativa" e que o governo federal passe a dar "a devida atenção aos problemas que afetam o desenvolvimento do Nordeste".

Para Heitor Freire, a reunião de ontem já demonstra uma abertura do presidente para as reivindicações dos parlamentares da região, porque "mostra o compromisso de nosso presidente com o povo nordestino. Mesmo ele mesmo não tendo ganhado aqui, as eleições já passaram e agora ele governa para todos os brasileiros".

Reunião numerosa seria pouco efetiva


Parlamentares cearenses que não estiveram presentes no encontro entre a bancada nordestina e o presidente consideram que a reunião teve pouca efetividade para discutir os problemas da região, devido ao grande número de convidados para o café da manhã.

"Você não faz uma reunião com 150 deputados e 30 senadores, não faz uma reunião desse jeito", critica o deputado Eduardo Bismarck (PDT) que considera que o objetivo do encontro era de ser "um pronunciamento". "Se ele quisesse fazer uma reunião de trabalho, chamaria por partido ou por estado", aponta.

Célio Studart (PV) explica que não esteve no encontro porque está doente, mas concorda que o modelo proposto na reunião pelo governo federal foi o principal motivo da falta de adesão dos parlamentares nordestinos. "E um café amplo como esse, talvez se tenha percebido que não seria um momento que os parlamentares teriam fala", argumenta.

Para André Figueiredo (PDT), "o total descaso que o presidente tem demonstrado pela região" também influenciou na decisão de não participar. "O Nordeste continua recebendo tratamento discriminatória", concorda José Guimarães (PT).

Figueiredo afirma que, segundo relato dos parlamentares presentes, a reunião foi "uma perda de tempo". "Foi uma reunião sem futuro, sem perspectiva nenhuma", considera o petista. "Todos saíram de lá extremamente desanimados. Se saíssem animados, poderiam transmitir isso para a bancada", completa Bismarck.

Roberto Pessoa, que esteve no encontro, afirma que a não participação "mostra uma questão ideológica". "Quem não foi, eu só tenho a lamentar", finalizou Heitor Freire.
BNB


Wagner elencou como positiva a discussão sobre o Banco do Nordeste, afirmando que o órgão "vai ter continuidade". Roberto Pessoa, no entanto, afirmou que o presidente "não deu resposta" sobre o órgão.

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