quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ceará tem chuvas acima da média no Litoral e grave seca no Interior

A um mês do fim da quadra chuvosa, o Ceará tem cenários contrastantes após os meses de maior incidência de chuva. Em sete municípios do Litoral, as precipitações, em quatro meses, superaram o previsto para o ano inteiro. Contudo, na maior parte do Interior, a situação é de grave ou extrema seca e Governo do Estado já estuda medidas mais severas para reduzir o consumo de água da população. Especialistas alertam que, até nessas regiões onde as chuvas amenizaram a falta d’água, a situação é pior que no ano passado. Das doze bacias hidrográficas do Ceará, três estão com volume superior ao fim da quadra chuvosa do ano passado.

O POVO esteve, na última segunda-feira, 2, em Itapipoca. Os açudes Gameleira e Quandú, localizados no município, eram os únicos do Estado sangrando. No Litoral Norte, onde estão os reservatórios, o volume de chuvas nos quatro primeiros meses do ano está 0,7% abaixo do esperado para o ano todo. Nos municípios vizinhos, na região do Pecém, a média já foi superada em 12,5%, se comparada ao esperado para 2016.

De acordo com moradores de Itapipoca, as chuvas de janeiro e abril no município mudaram o cenário dos açudes. Desde janeiro, já choveu 1.046,1 milímetros (mm) na cidade. O valor é próximo ao esperado para o ano inteiro, estimado em 1.087,7 mm. Segundo o pescador Sebastião Silva, até o fim do ano passado era possível caminhar sobre todo o espaço que atualmente é tomado pelo açude Quandú. “Tenho fé que neste ano não vai secar mais do mesmo tanto”, estimou.

O casal de comerciantes Denise Pires e Alberto Pacheco mora próximo ao açude Gameleira. Segundo eles, a situação para a população melhorou após a construção do reservatório, em 2013. “Com o Gameleira sangrando, que Deus nos defenda, falte água, ainda dá pra sobreviver uns três anos aqui”, disse.

Alerta

Apesar da esperança que as chuvas trouxeram, o meteorologista David Ferran, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), alerta que o cenário no Estado continua preocupante. Das doze bacias hidrográficas que compõem o Ceará, apenas a do Litoral, a do Sertão de Crateús e a do Coreaú estão com volume superior ao fim de maio do ano passado.

“A bacia do Litoral (onde está Itapipoca), por exemplo, só recuperou o volume do ano passado”, explica o meteorologista. Além disso, David Ferran lembra que a tendência é de que já neste mês as precipitações reduzam. “A média histórica do mês de maio é praticamente metade da prevista para o mês de abril”, disse.

De acordo com os últimos dados do Monitor de Secas, da Agência Nacional das Águas, a estiagem no Estado reduziu entre janeiro e março deste ano. No entanto, a seca extrema é percebida em parte do Cariri, no Centro-Sul e Sertão Central, nos Inhamuns, e nas regiões de Crateús e Canindé. De acordo com David Ferran, a incidência de chuvas no Interior foi deficiente. “Nossos mais importantes reservatórios são no Interior. Mesmo que chova dez vezes mais no Litoral, a garantia hídrica está no Interior”, lembra.

Fonte: O Povo ON line

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