sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Desacelera crescimento populacional

Houve uma redução na taxa de natalidade, aumento na expectativa de vida e redução no movimento migratório 


     O Ceará segue a tendência nacional de desaceleração do crescimento populacional. No sertão cearense, famílias deixam de ter muitos filhos, acompanhando um modelo dos grandes centros urbanos e por causa de políticas de transferência de renda, passam a se fixar mais nos seus municípios. Essa é a análise do chefe da Unidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Francisco Lopes, com base na estimativa populacional divulgada anualmente pelo IBGE.
O Ceará permanece como oitavo Estado mais populoso do Brasil e o terceiro do Nordeste, atrás da Bahia e de Pernambuco, mas foi o quinto que mais desacelerou o crescimento populacional no País nos últimos dez anos. A população estimada do Estado é de 8.963.663 moradores.
Há dez anos, o Estado tinha 8.217.085 habitantes. Houve um crescimento de 9,09% no período. Essa taxa é metade do que se verificou entre 1997 e 2006, que foi de 18,74%. Segundos estimativa do IBGE, a capital cearense já tem 2.609.716 habitantes. Entre 2014 e 2016, Fortaleza ganhou 100 mil habitantes.
No Interior, há municípios que registraram crescimento no número de moradores e outros observaram decréscimo. A estiagem e a falta de oportunidades de trabalho, em particular para os jovens, são fatores que impulsionam os movimentos migratórios. Entretanto, verifica-se uma tendência de diminuição desse fluxo se comparada com décadas anteriores.
A estimativa do IBGE mostra que, neste ano, o País tem 206.081.432 de habitantes. "O Brasil cresce cada vez menos rápido, a população está cada vez mais velha, houve aumento da expectativa de vida", observa Lopes. "Em 2044, a taxa de crescimento populacional brasileira será negativa, como ocorreu com França e Japão". A taxa de fecundidade das mulheres entre 15 e 49 anos, que na década de 1970 era de 6,16, caiu para 1,57.
Fatores
A desaceleração do crescimento populacional tem como fatores, segundo Lopes, a inserção da mulher no mercado de trabalho, planejamento familiar e elevado custo de vida. "O Interior também mudou porque essas condições sociais e econômicas afetam a todos", frisou.
O grupo dos dez municípios que obtiveram maior crescimento proporcional entre 2011 e 2016 é composto pelas seguintes cidades: Horizonte, Quixeré, Jijoca de Jericoacoara, Pacajus, Pacatuba, Eusébio, Tejuçuoca, Mulungu, Caridade e Maranguape. A metade está na Região Metropolitana de Fortaleza, que oferece oportunidade de emprego e renda, na indústria e nas atividades de comércio e serviço.
"A migração de famílias, de jovens para a Grande Fortaleza é motivada por oferta de trabalho, ensino de melhor qualidade e assistência de saúde", afirma Lopes. "O fluxo é menor do que ocorria no passado por causa da interiorização de indústrias e das políticas sociais de transferência de renda", completa.
Polos regionais
As cidades polos regionais cresceram e atraíram mais moradores. Muitos saíram das áreas rurais e se fixaram nos núcleos urbanos até por estarem "presos" aos cadastros sociais. Lopes também acredita que a estiagem, mesmo prolongada nos últimos cinco anos, tem menor influência nos dias atuais do que no passado para impulsionar movimentos migratórios.
O IBGE não tem como quantificar deslocamentos populacionais de áreas rurais para as sedes municipais e para outros municípios com base nos dados de estimativa populacional, feita a partir da aplicação de cálculos estatísticos que já vem sendo feitos há vários anos. "Em 2020, está prevista a realização do senso demográfico que faz a correção ou confirmação das tendências de aumento ou decréscimo populacional", explicou Lopes.
O arquiteto e urbanista Paulo César Barreto também verifica que o fluxo migratório poderia ser mais acentuado nas pequenas cidades do Interior se não houvesse os programas sociais de transferência de renda do governo federal e as oportunidades, mesmo limitadas, que surgiram com a expansão dos centros urbanos polos regionais.
Barreto mostra que permanece a tendência de famílias das áreas rurais para as cidades, dentro de um mesmo município ou região, mas curiosamente já se verifica movimento inverso. De forma tímida, algumas famílias estão voltando para o campo.
O economista Antônio Pereira lembra que, além da Grande Fortaleza, cidades como Sobral, na região Norte, e Juazeiro do norte, no Cariri cearense, atraíram mão-de-obra e famílias, graças à interiorização de indústrias, maior oferta de emprego nos parques fabris, no comércio e atividade de serviço, além do aumento das vagas no Ensino Superior.

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