quarta-feira, 15 de março de 2017

Ideias: Patrimônio da cidade



Nos anos 1960, a Praia do Futuro, a maior faixa de litoral de Fortaleza - em uma linha diagonal que se espraia do Serviluz à foz do Rio Cocó - era apenas uma paisagem lúgubre, revestida de capins e arbustos. Os altos índices de maresia inibiram o avanço da colonização do local, mas, com o passar dos anos o cenário foi sendo transformado por construções horizontais, instalando- se ali um polo de entretenimento, com casas de shows a restaurantes, que hoje não mais existem, mas ficaram as barracas, alguns poucos condomínios e bem instalados hotéis.
Diferentemente do que se vê em outras cidades, as barracas de praia foram incorporadas à cultura gastronômica e hoje são parte do calendário de entretenimento de Fortaleza. Os serviços se profissionalizaram e, estimulados pela própria demanda da cidade, o espaço virou atração turística. As administrações entenderam a tendência e disciplinaram a ocupação. A orla foi urbanizada, ganhou pavimentação, infraestrutura, vida.
Portanto, clara é nossa posição a favor da permanência das barracas, que desde a década de 1970 vem contribuindo para o desenvolvimento local, como polo de lazer turístico e econômico, gerando empregos e potencializando a receita do Estado, no setor de serviços.
A Praia do Futuro é patrimônio da cidade. A remoção total das barracas da Praia do Futuro seria um trauma antropológico à cidade e um dano espiritual, que nem mesmo a mais fundamentalista burocracia poderia sustentar. Apoiamos o reordenamento da Praia do Futuro - sem dúvida, uma necessidade - mas condenamos os excessos legais para a extinção das barracas.
Alexandre Pereira - Secretário de Turismo de Fortaleza

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