Por solicitação dos pequenos e
médios produtores rurais o Presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará-FAEC, reuniu no ultimo dia 20|09, na
sede do Sistema Faec/Senar cerca de 60 produtores e industriais de leite
do Estado do Ceará, para discutir o aumento da pauta do Leite UHT, o aumento da
pauta do Leite fluido (tributação) e a criação de um Fundo de investimentos com
a finalidade de focar em ações de incentivo ao aumento da produção e do
consumo de Leite . A reunião contou com as presenças dos presidentes dos
Sindicatos Rurais de Quixeramobim, Quixadá, Limoeiro do Norte, Iguatu,
Crateús, Maranguape, Jaguaribe, que são os municípios maiores produtores
de leite do Ceará , os presidentes dos Sindicatos das Indústrias de Leite do
Estado, Sindilacticinios Henrique Girão Prata, do Sindicato
dos Produtores de Leite do Estado, Júnior Carneiro ,da Associação
dos Produtores de Leite do Ceará- APROLECE e da Câmara
Setorial do Leite , Cláudio Teófilo, representantes da Agência de
Desenvolvimento do Estado-Adece, da Secretaria de Agricultura, Pesca e Aquicultura-SEAPA
, da Cocentral, do Sebrae-CE e de técnicos do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural e da FAEC. " Nós estamos aqui reunidos,
para tomar uma decisão importante que atenda a indústria e aos
produtores, com relação ao preço do litro de leite, para equilibrar as despesas
e receitas dos produtores e da indústria, disse Saboya.
Segundo o Presidente da FAEC, hoje, a
pauta do leite UHT oriundo de outros estados é R$0,30 litro / Leite,
muitos estados já escoam a sua produção excedente para o Estado do Ceará. O
produto é vendido no nosso Estado com preço abaixo do produzido nas indústrias
locais, fazendo com que haja a redução do valor do litro de leite pago ao
produtor rural. Algumas redes de supermercado já compram leite oriundo de
outros estados ao preço de R$2,87 (com os R$0,30 da pauta já embutido
naquele valor) enquanto o leite produzido aqui está sendo vendido ao preço de
R$3,50. A discussão girou em torno do aumento da pauta até
fevereiro de 2017, quando há maior excedente que nos outros meses,
para garantir a sustentabilidade da atividade leiteira no período crítico
em que se encontra a classe produtiva, atualmente.
Flávio Saboya leu para os
presentes uma carta assinada por ele, que será encaminhada ao Ministro da
Agricultura e Pecuária, Blairo Maggi, repudiando a aplicação da Instrução
Normativa No 26/2016, que autoriza a indústria nordestina de Leite a hidratar
leite em pó (importado) para, inacreditavelmente, viabilizar o Leite
longa Vida. Na carta ele explica “que essa permissão que já foi questionada
pela CNA, ao presidente Michel Temer, poderá produziu reflexos irremediáveis ao
segmento produtivo do Leite no Brasil, não esquecendo, também, a reação dos
Consumidores cativos do longa Vida". E prossegue : " é
lógico, que o Leite em pó subsidiado e importado produzirá, em escala,
diversos problemas, já que as Indústrias nordestinas optarão por esse leite em
pó importado, em detrimento do leite puro oferecido pelo produtor nordestino,
responsável pelo esforço hercúleo de produção, face aos cinco anos
consecutivos de secas e ,ainda, submetidos a preços inferiores à média
Nacional".
Na carta, Flávio Saboya enfatiza
ainda que, “com certeza, a lamentável portaria abriga,
também, precedentes que permitirão que a indústria nordestina de
lacticínios comercialize leite longa vida hidratado para outras regiões do
Brasil, inviabilizando, consequentemente, as indústrias daquelas regiões
com reflexos dos nossos, em escala, em toda a cadeira produtiva do leite no
Brasil. Ele lamentou ainda, até a presente data, não ter uma posição
oficial do Ministério quanto à solicitação unânime das Federações do Nordeste,
representadas pelo oficio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil-
CNA, quando solicitou a revogação da malfadada Portaria.
DEBATES BUSCARAM O ENTENDIMENTO
O Presidente da FAEC intermediou os
debates, e comprometeu-se a solicitar o apoio do Governador Camilo Santana.
O Presidente do Sindilacticínios, Henrique Girão,lembrou que
a realidade de hoje é outra, onde a informação é on line, e a entrada de
produtos de outros estados é uma realidade. Ele apresentou os números do
cenário do setor de leite no Brasil de 2013 para 2014, cuja
produção caiu 3%, e no primeiro semestre de 2016, comparado
com o semestre de 2015, caiu 6%, conforme dados do IBGE.
Segundo ele, essa queda deve-se a elevação dos preços da
soja e do milho e ao não acompanhamento do preço do Leite e
que a lei da oferta e da procura continua regulando o mercado.
Conforme disse, a importação do
leite em pó foi montada dentro de uma programação rigorosa de
importação, “por isso não acredito, que pelo quadro geral de
importação, o preço venha a cair. A grande saída, para eles,
foi vender o leite reidratado com o preço do leite em pó em alta. É uma
questão que devemos nos unir para tentar reverter essa
portaria do Mapa, essa é questão que nos une. Nós da Betânia e de
outras empresas temos consciência que o problema é grave e não
atinge somente o nosso Estado. Não está ao nosso alcance resolver este
problema, que vem se somar a questão da falta de água. Eu não
acredito que o preço do leite vá cair no Nordeste.
Segundo o presidente da APROLECE,
Cláudio Teófilo, este assunto vem sendo discutido há algum tempo,
com prejuízos incalculáveis para o produtor rural. Com
o excesso de produção de leite no Rio Grande do Sul, o leite está
entrando no Ceará, mais barato do que as Indústrias vendem. Para nós
Produtores devido ao histórico do que vem acontecendo há alguns anos, a
gente fica receoso de aprovar o aumento da pauta do
leite, disse. Aqui ninguém tem interesse de enfraquecer o
negócio de ninguém, nosso interesse é defender nosso negócio, as fazendas
estão descapitalizadas e a gente vê, todo dia, criadores
tradicionais desistindo da atividade.
O Presidente do Sindicato dos
produtores de Leite do Ceará, Júnior Carneiro, informou que há
muito os produtores buscam um acordo com a indústria, chegando a dizer
que " não há sensibilidade do Sindicato das Indústrias
com relação ao assunto”. Propôs um novo relacionamento, com mais respeito
e mais conhecimento. A indústria precisa conhecer quanto se gasta para produziu
um litro de leite, retrucou. Esse setor que superou cinco anos de
seca, precisa de um melhor tratamento dos lacticinalistas, precisamos de um
novo relacionamento entre as partes. Ele informou, ainda, que
muitos produtores estão vendendo suas vacas leiteiras, por não ter
condições de mantê-las, enquanto outras estão morrendo. "A conta não
fecha, o custo de produção de um litro de leite é de R$1,10 por dia/ litro, se
incluir outros insumos como energia, o custo sobe para R$ 1,44 e vende
no final por R$1,55, com um ganho de apenas 10 centavos, por litro. O
produtor Francisco Holanir Cabral, de São João do Jaguaribe,
ressaltou os problemas envolvendo produtores e
industriais, como uma situação difícil para as duas partes, apontando o
subsidio para o produtor como uma solução mais imediata.
Em sua fala, o produtor de leite Bessa Junior, disse que "esse é um momento de repensar a maneira como o produtor de leite vem sendo tratado, para fecharmos também a conta do produtor, não somente a da indústria. A situação tende a se complicar ainda mais. “A taxa de mortalidade do produtor cresce a cada ano”. Já o presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, relatou as dificuldades dos produtores com a falta d'água, o preço do milho e, mesmo assim, não estamos tendo o apoio do governo. Se não chover até dezembro todo muito estará morto, porque todo o estoque das águas está sendo transferido do interior para a capital. Quixeramobim produz 120 mil litros leite por dia, com quatro lacticínios. Temos que encontrar uma solução, porque a indústria precisa do produtor, o produtor precisa do Governo, e um dos parâmetros é o preço do leite e ele mesmo está puxando o preço para baixo, comprando o litro de leite por R$ 1,05. Da forma como está, a pecuária de leite vai se acabar, como acabaram o algodão, a oiticica e outras culturas, finaliza.
Em sua fala, o produtor de leite Bessa Junior, disse que "esse é um momento de repensar a maneira como o produtor de leite vem sendo tratado, para fecharmos também a conta do produtor, não somente a da indústria. A situação tende a se complicar ainda mais. “A taxa de mortalidade do produtor cresce a cada ano”. Já o presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, relatou as dificuldades dos produtores com a falta d'água, o preço do milho e, mesmo assim, não estamos tendo o apoio do governo. Se não chover até dezembro todo muito estará morto, porque todo o estoque das águas está sendo transferido do interior para a capital. Quixeramobim produz 120 mil litros leite por dia, com quatro lacticínios. Temos que encontrar uma solução, porque a indústria precisa do produtor, o produtor precisa do Governo, e um dos parâmetros é o preço do leite e ele mesmo está puxando o preço para baixo, comprando o litro de leite por R$ 1,05. Da forma como está, a pecuária de leite vai se acabar, como acabaram o algodão, a oiticica e outras culturas, finaliza.
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