As pessoas querem proximidade e interação
Na semana passada, Marina Silva,
candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à liderança do Governo do
Brasil, desembarcou no aeroporto de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, num
voo comercial. Apesar de a organização da sua
campanha ter colocado um veículo à sua espera na pista do aeroporto, Marina
preferiu demorar mais tempo saindo pela área de desembarque comum. Ainda dentro
do aeroporto, ela conversou e tirou fotos com eleitores, mostrando-se como uma
mulher normal. Ela que, onde chega, tem fama de provocar um silêncio reverente
e sepulcral. Mas uma campanha eleitoral faz milagres e, agora, tal como Dilma
Rousseff, também Marina Silva aderiu às “selfies” (ver na imagem).
Estas quebras “protocolares”,
como podemos designar a interrupção do percurso de um político por causa de uma
fotografia, têm muita força comunicacional. Fartos de políticos importantes e
muito distantes, mesmo quando não cumprem com a sua palavra, os eleitores são
cada vez mais pessoas de corpo inteiro – pessoas potencialmente mais informadas
ou com acesso a mais informação, pessoas que têm meios de produção e difusão de
conteúdos, pessoas que pensam pela sua cabeça, que escrevem diretamente ao
político, que apreciam proximidade e interação. Apreciam, no fundo, ser
tratados como pessoas e não como meros votos que geram vitórias eleitorais e
poder.
Não é por acaso que as quebras de
protocolo do Papa Francisco são tão apreciadas, mesmo por aqueles que não são
católicos. É que essas situações transmitem do líder da Igreja Católica a
imagem de um homem normal, com quem podemos falar ou trocar um sorriso. Ora, ao
contrário do passado, as pessoas deixaram de ser contemplativas e passaram a
ser interativas. Isso, que começou por acontecer na relação das pessoas com a
arte, estendeu-se ao comportamento quotidiano.
Na era da informação digital em
que vivemos em que a imagem prevalece sobre o texto, em que a forma é mais
importante do que o conteúdo e em que as reações das pessoas comuns são
instantâneas e públicas, as “selfies” – além de serem um elemento de difusão da
imagem dos candidatos políticos nas redes sociais – apresentam-se como um
elemento de comunicação capaz de humanizar os candidatos durante uma campanha.
Em suma, as “selfies” são mais um instrumento de comunicação política que
nenhum político deve menosprezar, pois tem o valor de ser uma imagem orgânica
que o eleitor decide fazer, podendo divulgá-la publicamente, caucionando,
assim, seu apoio público a um candidato.
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