Nos anos 1960, a Praia do Futuro, a maior faixa de litoral de Fortaleza
- em uma linha diagonal que se espraia do Serviluz à foz do Rio Cocó - era
apenas uma paisagem lúgubre, revestida de capins e arbustos. Os altos índices
de maresia inibiram o avanço da colonização do local, mas, com o passar dos
anos o cenário foi sendo transformado por construções horizontais, instalando-
se ali um polo de entretenimento, com casas de shows a restaurantes, que hoje
não mais existem, mas ficaram as barracas, alguns poucos condomínios e bem
instalados hotéis.
Diferentemente do
que se vê em outras cidades, as barracas de praia foram incorporadas à cultura
gastronômica e hoje são parte do calendário de entretenimento de Fortaleza. Os
serviços se profissionalizaram e, estimulados pela própria demanda da cidade, o
espaço virou atração turística. As administrações entenderam a tendência e
disciplinaram a ocupação. A orla foi urbanizada, ganhou pavimentação,
infraestrutura, vida.
Portanto, clara é
nossa posição a favor da permanência das barracas, que desde a década de 1970
vem contribuindo para o desenvolvimento local, como polo de lazer turístico e
econômico, gerando empregos e potencializando a receita do Estado, no setor de
serviços.
A Praia do Futuro é
patrimônio da cidade. A remoção total das barracas da Praia do Futuro seria um
trauma antropológico à cidade e um dano espiritual, que nem mesmo a mais
fundamentalista burocracia poderia sustentar. Apoiamos o reordenamento da Praia
do Futuro - sem dúvida, uma necessidade - mas condenamos os excessos legais
para a extinção das barracas.
Alexandre Pereira - Secretário de Turismo de Fortaleza
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